第3話

Letícia havia utilizado uma passagem secreta que apenas ela e Laurenn sabiam da existência, além de Dagmar que era sua dama de companhia e cúmplice. Letícia estava caminhando pela cidade, ela tinha sorte que as pessoas não conheciam seu rosto, o que facilitava caminhar sem ser percebida. Ela foi até uma floricultura, adentrou na loja e foi escolher alguns tipos de flores, quando escultou o que as funcionárias estavam comentando.


— Vocês souberam da novidade que a princesa Letícia vai se casar com o príncipe do Outono?


Leticia se interessou pela conversa e começou a prestar atenção.


— Queria ver o casamento, mas vai ser em outro reino... Queria ver a princesa com o vestido de noiva... Dizem que os vestidos do Reino do Outono são os mais lindos.


Comentou uma das funcionárias dançando com um buquê de rosas.


— Será que o príncipe também é lindo, se for é uma sorte grande. — A funcionária 2 estava organizando uma pilha de ramos de flores.


— Vocês são tão jovens que não entendem, não adianta só ser bonito, tem que ser cavalheiro.


Letícia havia terminado de escolher as flores e a dona da floricultura, Verônica veio conversar com Letícia.


— Senhorita, para quem serão as flores?


— São para a minha mãe. Você poderia colocar um laço vermelho era a cor preferida dela.


Letícia agradeceu e ausentou-se da loja, enquanto, as funcionárias continuaram conversando.


— Senhora Verônica, você soube do novo cavaleiro que está na cidade? Ele tem 20 anos, possui um rosto lindo, é atlético, alto com um porte bem definido, além de uma voz muito bonita.


— Deve ser atlético porque ele é um cavaleiro.


— Além disso, ele tem os olhos cinzas bem claros, porém ainda ninguém viu a cor do cabelo dele, ele sempre anda com um gorro.


— Mas, também o frio que está fazendo. À proposito cadê aquelas três que sumiram!


As três moças que a dona da floricultura estava atrás estavam admirando o jovem que as floristas estavam comentando.


— Vocês acham que ele é careca?


— Impossível, Impossível. — Balançou a cabeça em negação.


— Vamos conferir. A gente consegue uma forma de tirar o gorro dele.


Uma delas fingiu que estava machucada, enquanto as outras duas a carregavam pelo ombro.


— Senhor cavaleiro, nossa amiga machucou o tornozelo, você poderia ajudá-la?


O jovem cavaleiro de 20 anos e 1,85 de altura, se aproximou, sinalizou para que ela se sentasse, pois ele iria conferir, porém elas aproveitaram a oportunidade e tiraram o gorro dele. O cabelo era curto, cinza prateado o que combinava mais ainda com a cor dos olhos dele. A maioria das pessoas do Reino do Inverno tem o cabelo preto e os olhos azuis ou verdes.


— Você deveria mostrar seu cabelo, ele é muito lindo, ninguém nesse reino tem uma cor de cabelo assim. — disse a moça que fingia estar machucada.


— Por favor...Poderia me devolver o chapéu?


Ele não havia gostado da brincadeira que elas haviam aplicado nele, com indiferença fez sinal de que estava querendo o gorro de volta. Porém, as moças estavam mais encantadas ainda por ele, pois ele tinha uma voz bonita e suave ao mesmo tempo.


Letícia percebeu que algumas floristas estavam importunando um cavaleiro.


— A Senhora Verônica está procurando por vocês.


As floristas entregaram o gorro e saíram correndo imediatamente.


— Desculpe-me o incômodo que elas possam ter lhe causado. Com licença.


Letícia se curvou e o cavaleiro fez um gesto de agradecimento.


Letícia continuou seu caminho e foi visitar o local de descanso de sua mãe. Nesse cemitério, descansam todos os antigos reis do reino do Inverno. Letícia repousou as flores e acendeu um incenso de lavanda que era uma das fragrâncias preferidas da rainha.


— “Em breve terei que partir ao reino do Outono, saiba que eu sempre me lembrarei dos seus ensinamentos. A saudade que se depara sobre mim com certeza não pode ser aliviada, mas eu farei o possível para seguir em frente apesar de todos os problemas que possam passar pela minha vida de agora em diante. Eu me transformarei em uma princesa que você teria orgulho de presenciar se estivesse aqui ao meu lado.”


Lágrimas percorreram os olhos de Letícia, uma profunda saudade se deparou sobre ela naquele instante. Mas, a única coisa que ela poderia fazer era conviver com aquela dor e trilhar um caminho que pudesse deixar sua mãe feliz onde quer que estivesse.


Letícia se despediu e se ausentou.


O cavaleiro de cabelos prateados se aproximou do túmulo da rainha Elyza e deixou outro ramo de flores próximo do que Letícia havia deixado.


— Meu pai me solicitou que lhe entregasse. É uma pena não ter podido conhecê-la.


O cavaleiro fez uma reverência e se ausentou do local.




Antes do entardecer, Letícia retornou ao castelo e foi comunicada que amanhã teria uma reunião administrativa sobre o casamento.



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